segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Parabéns Durmmond

Carlos Drummond de Andrade completaria hoje (31/10/2011) 109 anos e merece receber uma bela homenagem de seus admiradores.
Não há palavras melhores que as dele próprio para descrever a saudade que sentimos.

A Um Ausente (Carlos Drummond de Andrade)

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.



 

domingo, 23 de outubro de 2011

Problemas para argumentar?

 Esse foi o final de semana do Enem, jovens do país inteiro estavam esperando por esse momento para tentar ingressar nas universidades brasileiras e como manda a tradição era preciso argumentar na hora de defender os pontos de vista em relação ao tema da dissertação,por sinal muitíssimo interessante neste ano "O uso das redes sociais".
 Um tema bastante interessante e comum a todos, porém na hora de passar o assunto para o papel algumas pessoas podem ter encontrado algumas dificuldades.
 Para nós é muito fácil sair falando por aí "Eu acho que isso deveria ser assim...", "Na minha opinião...", enfim, quando podemos utilizar nossa subjetividade temos maior facilidade.
 Por outro lado, precisamos entender que essa não é a única maneira de defendermos nossa opinião, muitas vezes como na redação do Enem, por exemplo, temos de ser impessoais. E muitos jovens quando começam a estudar o assunto ficam se perguntando como isso é possível?
Aí vão algumas dicas para ajudá-los:

1) Uso do verbo mais a palavra se
Ex: Espera-se que o ensino superior se torne mais democrático no país.

2) Uso de frases na voz passiva analítica 
Ex: É  esperado que o governo invista mais em educação no ano que vem. 

* A voz passiva analítica é composta pelo verbo ser mais um verbo no paticípio(-ado ou -ido) "O capítulo foi estudado pelos alunos."


3) Uso de verbo haver ou existir mais substantivo que indica opinião
Exs: Há dúvidas se o voto obrigatório é a melhor forma de promoção da cidadania. 
Existem controvérsias quanto ao voto obrigatório ser a melhor forma de promoção da cidadania. 


4) O uso de verbos modais 
Exs: O pré-sal deve impulsionar a economia do país. (O falante tem dúvidas quanto ao conteúdo de sua frase, mas considera o fato provável)
O pré-sal pode impulsionar a economia do país. (O falante tem dúvidas quanto ao conteúdo de sua frase, mas considera o fato possível)
O pré-sal precisa impulsionar a economia do país. (O falante vê como necessidade, ou urgência, que se realize o conteúdo de sua frase)

* O verbo modal é aquele que acresenta a noção de dúvida,certeza, probabilidade, possibilidade, sugestão, necessidade ou obrigatoriedade ao conteúdo da frase. 

* A modalização serve para tornar relativas afirmações que não podem tornar-se generalizadas sem comprometer a coerência. Ao invés de dizermos que "Políticos causam desgosto á nação" podemos dizer que "Políticos podem causar desgosto à nação".

5) A escolha dos tempos verbais como, por exemplo o presente do indicativo(cantaria, partirias) ou o presente do subjuntivo(cante,ame)
Exs: Muitos acreditam que será melhor reduzir a zero o desmatamento.

Espero ter ajudado. 










 

sábado, 15 de outubro de 2011

Ensaio sobre Drummond e suas fases poéticas no Modernismo


  Sabendo que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar no modernismo percebemos em sua obra a expressão de uma alma muito pessoal, pode-se dizer que Drummond escrevia retratando exatamente aquilo que sentia.
  Fica claro em sua obra o parecer e o ser dos homens e dos fatos que privilegia o humor, traço constante em sua poesia.
  Percebemos em sua obra poética os pólos coisa-razão, que fizeram de Drummond um poeta reclamado pela vanguarda tecnicista, devido a um tecido conjuntivo que os une de tal maneira que o sentimento do mundo do poeta resulta na irrisão da existência.
  Drummond viveu uma fase intensa, porém breve, fase essa na qual ficou conhecido como “poeta público” da Rosa do Povo em que uma esperança que nasceu sob o a resistência do mundo livre à fúria nazi-fascista, mas que logo se retraiu com o advento da guerra fria.
  A partir de Claro Enigma (1948-51), Drummond após o desencanto com a poesia política, passou a escrever de dois modos diferentes: primeiro começou a escravar o real mediante um processo de interrogações e negações visando revelar o vazio à espreita di homem no coração da matéria e da história e depois passou a fazer coisas e palavras, nomes de coisas, praticando assim a violação e a desintegração da palavra, sem sequer aderir a qualquer receita poética vigente.
  Decerto, Drummond desde Alguma Poesia pelo prosaico, pelo irônico e pelo anti-retórico se afirmou como poeta moderno aportando coerentemente a uma opção concreto-formalista radicalizando assim os processos estruturais que sempre marcaram o seu modo de escrever.

Bibliografia: BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. (VIII.Tendências Contemporâneas), Ed.Cultrix,44ªedição.